Seios, carnaval e próteses.
Antigamente, não era comum a exposição na mídia, dos seios
nus. A visão dessa parte da anatomia feminina era restrita à intimidade dos
casais e à imaginação dos ávidos olhares masculinos limitados pelos tecidos e
roupas responsáveis pela sua ocultação.
Era um mistério. A nudez da mulher era revestida de uma aura
de fragilidade e feminilidade consentida apenas nas artes e a exposição dos
seios bem como do restante, afrontava o
farisaísmo machista representado pela censura, e aqui estamos falando da mídia
em geral, que hoje tem sua versão multimídia pela internet, e congrega em um só
meio, o texto e a imagem em suas mais variadas formas.
Hoje estamos diante de um paradoxo. Se antes tínhamos a
exposição dos seios restrita, hoje começa a imperar a ditadura dos seios
siliconados, enquanto permanece a repressão estética à nudez natural.
Em época de carnaval, não há como abrir uma publicação ou um
portal de internet, sem ser exposto obrigatoriamente aos corpos seminus, às
próteses ostensivas e rotundas, portadas por mulheres determinadas a uma
aparência e comportamento típico para o consumo .
As mulheres normais tem que conviver diariamente com seus
seios naturais e com seus próprios espelhos, sob a ditadura estética imposta
pela mídia, cuja consequência é o progressivo aumento das filas de espera para cirurgias de alterações
de mamas. A bem da verdade, tais mamas jamais verão a luz do sol ou as lentes
de algum paparazzi. Tão pouco servirão como objeto de observação pública.
Aquele ou aqueles que
porventura as observarem ou tocarem, muito provavelmente estarão mais interessados
na mulher por inteiro do que por um fetiche plastificado.
O problema está, segundo me parece, nos olhos da própria
mulher, que se deixa seduzir pela estética imposta, sem a qual se sente
menosprezada, sendo induzida a realizar cirurgias estéticas. Pois a propósito
de inúmeros casos. quando uma cirurgia dessas fracassa, o arrependimento é amargo
na mesma ou pior proporção da motivação que
a originou.
Pois o conto da fruta é mais antigo que as mulheres fruta, e
o problema mais antigo do que reza a lenda.
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