sábado, 3 de março de 2012

Seios e próteses.


Seios, carnaval e próteses.
Antigamente, não era comum a exposição na mídia, dos seios nus. A visão dessa parte da anatomia feminina era restrita à intimidade dos casais e à imaginação dos ávidos olhares masculinos limitados pelos tecidos e roupas responsáveis pela sua ocultação.
Era um mistério. A nudez da mulher era revestida de uma aura de fragilidade e feminilidade consentida apenas nas artes e a exposição dos seios bem como do restante,  afrontava o farisaísmo machista representado pela censura, e aqui estamos falando da mídia em geral, que hoje tem sua versão multimídia pela internet, e congrega em um só meio, o texto e a imagem em suas mais variadas formas.
Hoje estamos diante de um paradoxo. Se antes tínhamos a exposição dos seios restrita, hoje começa a imperar a ditadura dos seios siliconados, enquanto permanece a repressão estética à nudez natural.
Em época de carnaval, não há como abrir uma publicação ou um portal de internet, sem ser exposto obrigatoriamente aos corpos seminus, às próteses ostensivas e rotundas, portadas por mulheres determinadas a uma aparência e comportamento típico para o consumo .  
As mulheres normais tem que conviver diariamente com seus seios naturais e com seus próprios espelhos, sob a ditadura estética imposta pela mídia, cuja consequência é o progressivo  aumento das filas de espera para cirurgias de alterações de mamas. A bem da verdade, tais mamas jamais verão a luz do sol ou as lentes de algum paparazzi. Tão pouco servirão como objeto de observação pública.
 Aquele ou aqueles que porventura as observarem ou tocarem, muito provavelmente estarão mais interessados na mulher por inteiro do que por um fetiche plastificado.
O problema está, segundo me parece, nos olhos da própria mulher, que se deixa seduzir pela estética imposta, sem a qual se sente menosprezada, sendo induzida a realizar cirurgias estéticas. Pois a propósito de inúmeros casos. quando uma cirurgia dessas fracassa, o arrependimento é amargo na mesma  ou pior proporção da motivação que a originou.

Pois o conto da fruta é mais antigo que as mulheres fruta, e o problema mais antigo do que reza a lenda.

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